quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Espaço Singular - Somos um berçário


 
É comum entre nossas educadoras a fala de que não somos uma escolinha. Somos um Berçário. Elas falam  com orgulho, orgulho construído em grupos de estudo, em supervisão, cursos e atividades dirigidas. Mas afinal o que realmente nos diferencia da escolinha e porque decidimos criar esta instituição que se vale a atender bebês de 0 a 4 anos.

Sentada no pátio do Berçário observo um grupo  brincar. A educadora oferece uma bola grande, bonecas e vários objetos de texturas e cores  diferentes. Um dos bebês corre aflito como que dizendo “Eu quero brincar com a bola”. A outra oferece uma boneca para a amiga: “Quer brincar comigo”. A educadora pontua: “Olha a amiga está te convidando pra brincar. Você quer?”. Um amigo vem engatinhando e pega a boneca. “ Ah, você quer brincar também? Mas tem que dividir…”

Quanta coisa estes pequenos tem a aprender. Aprender a sentar, conhecer o corpo, manejá-lo, aprender a engatinhar, andar, falar, sentir, brincar… infinitas possibilidades na riqueza de apenas três anos.

Um dia destes oferecemos uma piscina com água para nossos bebês. Começa a brincadeira:

- O que? Água pode?

-Pode. Olha lá a professora convidando todo mundo pra entrar.

-Eu vou primeiro.

- Olha se bate a mão espirra tudo.

- Espirra mais em mim…

-Não eu tenho medo.Buá.

-Eu também quero. Eba…vem ver, tem brinquedo aqui dentro. Que gostoso.

Supomos estes diálogos, diálogos imaginários de nossos bebês, mas que dão corpo e contextualizam o trabalho de quem trabalha com quem não fala ou fala pouco. Buscamos entender cada um através de seus movimentos, de suas expressões e interação com o grupo.

Imaginamos e tentamos propor a brincadeira.

Perguntamos: Está tudo bem com você? O que você quer brincar? Como você quer brincar? As respostas quase nunca são claras, mas se prestarmos atenção, os sinais estão em cada rosto, em cada gesto. No movimento da turma. Supor um sujeito, falas imaginárias, para assim auxiliar para que a brincadeira que se quer brincar aconteça. Nem sempre dá certo.

Trabalhamos no invisível. Tarefa difícil de quem trabalha com pequeninos que tem tanto a apreender e tanto a ensinar. Então porque não pensar em um lugar em que tudo isso aconteça como facilitador desta etapa essencial de aprendizagem e de vida?

Somos um berçário porque pensamos em um espaço assim.

2 comentários:

  1. Karina, me chamo Priscila e trabalho com crianças na minha igreja local. Tenho um menino de 10 anos que é altista e ás vezes age com agressividade com as demais crianças, bate, ofende, se recusa obedecer, inquieto e muito agitado. Como lidar com ele..? queria saber como lidar com crianças especiais....?

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  2. Oi Priscila,
    Está criança já está inserida em algum tratamento? Crianças com Distúrbios Globais tem realmente dificuldade de estar em grupos. Ligue na escola que tentarei auxiliá-la. Karina Bonalume

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